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Desabafo de uma ex-gestante ♥ Seline ♥

Demorei um pouco para escrever meu relato de parto, porque não sabia por onde começar.
Mas acho que devo começar do início...rs
Lá no começo da gravidez...


Por isso vou dividir meu relato em duas partes: "Desabafo de uma ex-gestante" e "Relato de parto".

Nós realmente queríamos o segundo filho, porém foi uma grande surpresa quando descobrimos a gravidez. Esperávamos um pouco mais pra frente, mas Deus quis nos mandar essa bênção no tempo dele, como da primeira vez.
No início eu me culpei por não ter me prevenido da maneira certa, pois eu estava sem convênio e achava que sofreria horrores no SUS. Tentei correr atrás de um convênio que eu pudesse comprar a carência para poder ter um parto 'seguro' (sabe de nada inocente...rsrs). Mas o tempo ia se passando e as coisas começavam a ficar mais difíceis.
A médica que estava me atendendo no início do pré-natal só sabia falar sobre meu peso e parecia ter pressa para terminar logo a consulta. Em conversas com uma amiga (Aline Ferreira), ela descobriu que um médico que nós havíamos trabalhado junto, atendia pelo SUS e ela conseguiu uma consulta pra mim com ele. Me deixou muito aliviada desde a primeira consulta, onde perguntamos a ele quanto ele cobraria para um parto particular e nos abrimos com relação aos nossos medos do SUS.
Ele nos informou que gastaríamos pelo menos 5 mil (dependendo do hospital) e que esse valor não tinha como ser dividido, teria que ser pago na alta.
Ficamos pensando como faríamos para levantar o dinheiro durante a gravidez.
Tudo para ter a segurança de que o bebê nasceria de forma adequada.


O médico que fez meu pré-natal foi sempre muito atencioso, pediu que eu me decidisse se ia querer parto normal ou cesárea, pois se fosse normal ele teria que me indicar alguns grupos para ter mais informações. Quando ele me disse isso, eu só concordei e disse que ainda estava pensando nas possibilidades, porque eu ainda queria pagar um parto particular, mesmo que fosse normal. Mas depois fiquei pensando e cheguei à conclusão de que ele deveria ter me indicado esses grupos desde o início da gravidez, mesmo que eu quisesse cesárea, toda mulher precisa ter informações sobre todas as formas de parto. Porque parece que se a mulher optar pelo parto normal/natural, ela é louca e corre risco de vida, quando na realidade é exatamente o contrário.


Bom, com 11 semanas uma amiga (Julia Gomes) me adicionou em um grupo no Facebook chamado Ishtar - Espaço para Gestantes em Sorocaba e a partir daí comecei a receber vários convites pra participar de reuniões e encontros que, infelizmente, a maioria das vezes não conseguia ir por conta de trabalho e correria.
Até que uma pessoa me chamou para uma conversa particular e foi aí que conheci a Ariane Chiebao a Gleise Piva - elas são do Movimento Parto de Gente, outro grupo maravilhoso.- 
Contei a elas um pouco sobre minha primeira gravidez e minha cesárea. Tinha muitas dúvidas e certezas que com o decorrer da nossa conversa descobri que fui 'enganada'..rs  elas me explicaram muitas coisas e me despertaram uma curiosidade maior e foi assim que começamos nossa caminhada em busca de informações.
Saí de lá me sentindo tão enganada que queria processar o médico que fez meu primeiro parto...rs
No início, nós prometemos pra nós mesmos que não iríamos nos deixar levar por uma 'lavagem cerebral de ativistas pelo parto natural' (hahahaha). Até assistirmos o filme: O Renascimento do Parto. Aí a coisa mudou de figura. Saí do Sesc acabada por dentro, sei que parece meio dramático, mas quem me conhece sabe que desde minha primeira filha eu queria ter um parto normal e sempre achei que eu teria conseguido, mas por medo e falta de informação eu não consegui.

Saímos de lá com uma decisão: "Vamos ter um parto domiciliar!"
O dinheiro que gastaríamos em um parto particular no hospital que provavelmente seria cesárea, nós usaríamos para ter um parto no nosso conforto.
Nesse período, tive uma ideia de fazer um documentário semanal da gravidez, com nossos medos, dúvidas e principalmente decisões que no caso seria totalmente voltado para o parto natural domiciliar. Esse documentário seria mais sentimental que documental...rsrs
Até cheguei a gravar alguns depoimentos.


Nesse meio tempo, o médico do pré-natal suspeitou que eu estivesse com diabete gestacional, pois tanto eu quanto a neném estávamos ganhando peso muito rápido e ele achou que não era normal. 

Fiz todos o exame mais de uma vez acompanhado de uma dieta (essa parte foi boa..rs). 
Mas isso me deixou desesperada, pois eu queria ter um parto domiciliar e sabia que se fosse diagnosticado Diabete eu não poderia e pior, teria muitas chances de cair em mais uma cesárea.
Graças à Deus os exames mostraram que estava tudo normal!
Mas chegou em uma fase da gravidez que a gente percebeu que não conseguiria pagar o parto domiciliar, mesmo as meninas fazendo várias opções de pagamento. Nós precisaríamos do dinheiro para outras coisas que influenciariam no futuro das meninas.
Então decidimos que eu teria um parto normal, porém hospitalar :(

Ainda assim o médico ainda tentava me assustar, e chegou a tentar marcar cesárea quando eu estava com 37 semanas. Em nenhum momento eu contei pra ele dos nossos planos, pois tinha medo dele querer manipular a situação. Mas no dia em que ele me ofereceu a cesárea eu neguei e disse que não teria o dinheiro. Então ele disse: você sabe que você vai ter que ganhar no SUS né?
Daí eu falei com tranquilidade que tudo bem, que eu sabia dos 'riscos', mas que eu teria no SUS.

P.S: saí de lá revoltada..rs

Quando estava com 38 semanas, eu já estava muito inchada e a neném já estava encaixada há muito tempo. Tinha muitas dores nas costas e na "bacurinha"...rsrs}
Cheguei a ir no pronto socorro e lá me disseram que eu precisava de repouso, pois algumas mulheres desenvolve uma espécie de tendinite vaginal. (hahahaha...só comigo acontece essas coisas..rs)

A médica disse que o melhor seria eu entrar de licença, mas eu não queria, pois queria ficar mais tempo com a bebê. Mas não aguentei muito mais que isso..rs
E acabei afastando com pelo menos 15 dias antes do nascimento =( .


Enfim, eu não abri mão de contratar uma doula, pois sabia que ela seria essencial na hora do parto. 
Tive muita dúvida em quem seria minha doula, pois conheci várias doulas e cada uma delas me passava segurança de forma diferente. Estava quase chegando ao fim da gravidez e eu ainda não havia me decidido. Sempre entre duas delas. No fim, essa decisão não foi só minha..rs 
O maridão ajudou.
Ele acompanhou de perto a gravidez inteira. Estava tão grávido quanto eu..rs
Quando ia nas reuniões dos grupos, falava mais que as gestantes...rs

E ficou comigo até o fim...mas isso é para ser contato na segunda parte ;)

Enfim, depois da gravidez da Seline, acho que fiquei um pouco 'ativista' ..hahaha
Sei que muitas mulheres não conseguem e não podem ter um parto normal por complicações, mas na maioria das vezes é por falta de informação.
Na minha primeira filha eu nem cheguei a entrar em trabalho de parto e o médico me disse que eu não teria dilatação e acabei fazendo uma cesárea desnecessária e agendada. ¬¬
E eu por ser mãe de primeira viagem, entrei na dele.

E uma coisa que aprendi e defendo, é que toda mulher pode e consegue parir!
O que nos falta no Brasil é informação e médicos com capacidade de trabalhar com amor e não pelo dinheiro (essa parte é mais difícil..rs)

Comentários

Vilhelm man disse…
Um belo domingo.

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